De acordo com um estudo publicado no American Journal of Human Biology, da autoria de investigadores da Universidade de Coimbra, 32,9% dos pais interpretam mal o peso dos seus filhos: 30,6% subestimam e 2,3% sobrestimam.
O estudo teve por base dois objetivos: analisar a concordância entre o estatuto nutricional das crianças e por consequência, a perceção que os pais têm do peso delas; assim como observar se a subestimação do peso estava de algum modo associada ao risco da criança ter excesso de peso/obesidade.
Assim, foi possível apurar que cerca de 1 em cada 3 pais “não identificou corretamente o estatuto nutricional dos filhos, sendo que a maior parte subestimou. A subestimação foi substancialmente maior consoante o peso dos filhos, ou seja, vários pais com filhos com excesso de peso classificaram o peso dos filhos como normal e principalmente, pais com crianças obesas reportaram que as crianças tinham apenas um pouco de peso acima do recomendado”, segundo Daniela Rodrigues, investigadora do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS) da FCTUC.
Segundo o estudo, esta subestimação é mais visível nas classes sociais mais baixas e no sexo feminino “ter pais com menor estatuto socioeconómico e mães com excesso de peso aumenta a probabilidade de subestimarem o peso dos filhos, principalmente entre as raparigas” defende a investigadora, que acrescenta “pais que subestimam o peso dos filhos têm 10 a 20 vezes mais probabilidade de terem filhos com excesso de peso ou obesidade, o que tem sido associado a um conjunto de problemas de saúde física e mental, não só na infância mas que permanecem na idade adulta”.
“Os pais podem não saber identificar o que é excesso de peso ou obesidade, principalmente porque os media tendem a apresentar a obesidade no seu extremo. Por outro lado, numa altura em que a prevalência de excesso de peso e obesidade afeta cerca de um terço das crianças, os pais podem “normalizar” o excesso de peso, porque é o formato que mais encontram nas crianças que os rodeiam” aponta a investigadora da FCTUC como explicação para estes resultados.
Tendo em conta estes resultados, Daniela Rodrigues defende que “é urgente ajudar os pais a identificar corretamente o excesso de peso e a obesidade dos filhos para que possam recorrer à ajuda dos profissionais de saúde e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida da criança”.
“o primeiro passo para alterar comportamentos de risco associados à obesidade (dietas ricas em gorduras saturadas e açucares, inatividade física, comportamentos sedentários, etc.) é perceber a necessidade de alterar esses mesmos comportamentos, identificando corretamente o estatuto nutricional da criança”.A investigação foi conduzida por Daniela Rodrigues, Aristides Machado-Rodrigues e Cristina Padez, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e envolveu 793 pais e respetivos filhos, com idades compreendidas entre 6 e 10 anos.
Adorei este post em particular. Obrigada pelo teu trabalho. Não poderia estar mais de acordo com o que escreveste, é preciso corrigir o que lança esse sentimento de que está tudo bem um bebé ser gordinho e o magrinho é que está doente.... enfim!
ResponderExcluirHello Delta, eu dei formula ao meu filho desde cedo porque isso me foi empurrado pelo pediatra porque segundo ele estava muito no limite da curva. 4 meses depois estava bem mais acima do peso do que era suposto e já me mandou cortar na formula. Se o arrependimento matasse eu já estava morta e culpo me porque desde que o meu filho começou a tomar formula que ficou sempre doente e nem sequer ia para o infantario. Inspiro me nas tuas receitas para lhe dar uma melhor alimentaçao. Obrigada por seres uma inspiraçao e por nao parares de publicar mesmo com o teu trabalho tão corrido. Um beijinho
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