Como educar as crianças para a igualdade de género?


Se as crianças de hoje são os adultos de amanhã, como poderemos educá-los para uma sociedade mais justa e igualitária para a igualdade de género?

Antes de mais, importa distinguir os conceitos sexo e género e compreender o que os separa. De forma simples, podemos dizer que o termo sexo pertence ao domínio da biologia e o termo género ao domínio da cultura. O sexo com que nascemos diz respeito às nossas características anatómicas e fisiológicas. Por sua vez, o género relaciona-se com os atributos psicológicos e as aquisições culturais que homem e mulher vão incorporando, ao longo do processo de formação da sua identidade.

O conceito de género começou a ser usado com o objetivo de contribuir para uma melhor compreensão do que representa ser homem/mulher em determinada sociedade e em determinado momento histórico.
Assim sendo, o género é uma das primeiras categorias sociais que a criança aprende e tem grande influência na relação que vai construindo com os outros e com o mundo. Desta forma, torna-se importante perceber de que forma é possível educar os mais pequenos para a igualdade de género.

MAS, AFINAL, O QUE É A IGUALDADE DE GÉNERO?
A busca pela igualdade entre géneros tem vivido conquistas e vitórias, no entanto, ainda há muito para ser feito, na medida em que as relações sociais de género se mantêm desiguais em detrimento do género feminino.
As desigualdades continuam a existir em diversas situações. Às mulheres continuam a ser associadas condições como cuidar da família. Apesar de investirem bastante na sua formação, ainda têm pouca presença na vida pública e existem ainda alguns cargos que são essencialmente assumidos por homens.
A igualdade entre o género feminino e o género masculino é uma questão de direitos humanos e uma condição de justiça social. A igualdade de género contraria as desigualdades existentes, tão difíceis de esbater devido ao facto de estarem incutidas na sociedade, sendo transmitidas logo desde a nascença.

EDUCAR PARA A IGUALDADE DE GÉNERO: MUITO PERTINENTE OU NEM POR ISSO?
Desde cedo, as crianças lidam e aprendem a viver em função da realidade de género. Aprendem o papel do feminino e do masculino com aqueles que lhes são próximos sendo que, muitas vezes, esses papéis são estereotipados.
Assim sendo, trabalhar a temática da igualdade de género com os mais pequenos tem toda a pertinência, na medida em que o conhecimento de estereótipos de género e a manifestação dos interesses por atividades tradicionalmente masculinas/femininas são observadas em crianças pequenas.

Mais ainda, de acordo com o IV Plano Nacional para a Igualdade Género, Cidadania e Não Discriminação (2011-2013) “a eliminação de estereótipos de género deve constituir uma prioridade da educação e da formação, para que raparigas e rapazes possam ter iguais possibilidades e direitos de escolha ao longo do seu percurso escolar e profissional, na construção dos seus projetos de vida ou nas respetivas participações, a todos os níveis, na vida económica, social e política”.
Desta forma, é importante que os adultos de referência preparem as crianças para que estas se tornem boas cidadãs, para que procurem construir uma sociedade mais justa, solidária, igualitária, livre de preconceitos e desigualdades.

5 DICAS DE COMO EDUCAR AS CRIANÇAS PARA A IGUALDADE DE GÉNERO
Como vimos, importa fomentar nas crianças a igualdade de género, esclarecer e contrariar os estereótipos discriminatórios que estão presentes no seu quotidiano. Mas como podem os pais fazê-lo? 

Eis algumas dicas:
1. Dialogar, dialogar, dialogar
O diálogo é um meio privilegiado para abordar as questões de género. Os pais podem, e devem, aproveitar as situações espontâneas que surgem no dia a dia para dialogar com as crianças sobre determinados comportamentos/situações. Podem apoiar-se em livros ou imagens para cativar a atenção dos mais pequenos.

2. Dizer “não” à tipificação dos brinquedos
Quando uma criança nasce, a maioria dos pais tem já o quarto da criança pronto e decorado para a receber. Os estudos mostram que os quartos são maioritariamente diferenciados, consoante se trate de menina ou menino.
Habitualmente, os quartos das raparigas possuem bonecas e os tecidos de roupa de cama coloridos, privilegiando a cor rosa. Já o quarto dos meninos tende a conter mais roupa desportiva, carros de diferentes tipos, privilegiando a cor azul.
Também na oferta de diferentes brinquedos às crianças se perpetua a desigualdade de género. Às meninas continuam a ser maioritariamente oferecidos brinquedos como panelas, bonecas e kits de maquilhagem, e aos meninos pistas de carros e peças de lego.

3. Promover atividades iguais
Prevalece ainda a perceção de que existem atividades apropriadas a cada género. As crianças são estimuladas, consoante o género, a interessar-se por atividades que lhes ensinam os papéis tradicionais dos adultos da sua cultura. Assim, é importante que os pais promovam brincadeiras conjuntas entre as crianças, de forma que possam experienciar diferentes papéis sociais de forma a questionarem os estereótipos de género.

4. Tratar filhos e filhas de igual modo
Muitas famílias continuam a educar de forma diferente os filhos e as filhas. Por exemplo, alguns pais permitem que os filhos rapazes possam sair sozinhos de casa mais cedo, mesmo que a nível de maturidade as filhas raparigas possam estar mais bem preparadas para tal.
Também nas tarefas domésticas filhos e filhas são tratados de forma diferente, imitando os comportamentos modelados, quer pela mãe, quer pelo pai. Por exemplo, aos rapazes são destinados os trabalhos que os levam a sair de casa, enquanto às raparigas estão destinadas atividades a realizar dentro de casa.

5. Servir de exemplo
As crianças observam e imitam o comportamento dos pais, que são os seus principais modelos.
Ao observar o comportamento dos pais as crianças aprendem diversas mensagens referentes ao género. As vivências familiares, por exemplo ao nível da distribuição de responsabilidades e tarefas, são observadas pelas crianças e constituem formas privilegiadas de transmissão de valores.


FONTES
Cabral, V. (2015). Educar para a cidadania através de práticas de igualdade de género na educação pré-escolar. Disponível em: http://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/14269/1/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20-%20Ver%c3%b3nica%20Cabral.pdf
Prates, M. (2014). Educação para a igualdade de género: um estudo de caso numa instituição de educação de infância. Disponível em: http://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/6134/1/M%c3%b3nica%20Prates.pdf
Marchão, A., Bento, A. (2012).Promoção da igualdade de género – um estudo em contexto de educação pré-escolar. Disponível em: http://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/4117/1/Amelia%20March%c3%a3o_Alexandra%20Bento.pdf
Gomes, V. (2012). A Promoção da Igualdade de Género com Recurso à Atividade Lúdica. Disponível em: https://repositorio.ipcb.pt/bitstream/10400.11/1500/1/Relat%c3%b3rio%20de%20Est%c3%a1gio.pdf

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