Como tornar as nossas crianças resilientes?

Crianças resilientes são mais autoconfiantes, mais seguras e mais empáticas. Como podem os pais criar crianças mais resilientes?
Crianças resilientes são crianças capazes de enfrentar e superar as adversidades e os desafios que vão surgindo ao longo do seu desenvolvimento. Mas porque é que algumas crianças conseguem superar ambientes e situações difíceis mais facilmente do que outras?

O QUE SIGNIFICA SER RESILIENTE?
A resiliência refere-se à capacidade de alguém não se deixar afetar drasticamente perante a adversidade, superando os problemas e dificuldades que surgem ao longo do processo de desenvolvimento. Ser resiliente é ter a capacidade de resistir a uma situação, modificando-se, progredindo no seu desenvolvimento e modelando o seu sofrimento (1).

A resiliência não é necessariamente baseada em características pessoais. Existem outros fatores externos e processos sociais e ambientais que contribuem para uma vida e um desenvolvimento mais sadio, mesmo perante situações/ambientes de risco ou mais hostis.

Assim sendo, não podemos pensar a resiliência como uma capacidade que nasce com as crianças. É antes um processo interativo entre as crianças e o meio que as rodeia (2).

8 CARACTERÍSTICAS DE ADOLESCENTES E CRIANÇAS RESILIENTES
Adolescentes e crianças resilientes tendem a apresentar algumas das seguintes caracteríticas:

1. Competências sociais: fortes competências relacionais, flexibilidade, empatia e cuidados com os outros, fortes competências de comunicação, e um bom sentido de humor.

2. Competências de resolução de problemas: capacidade de planear, introspeção, pensamento crítico e desenvoltura.

3. Capacidade de autonomia: sentido de identidade, autoconsciência, competências de resistência.

4. Sentido de objetivo e perspetiva de futuro: orientação para objetivos, motivação e aspirações educacionais.

5. Oportunidades de participação: oportunidades de reflexão e diálogo, oportunidades de envolvimento e responsabilidade.

6. Relações afetivas: bom ambiente social, relações de suporte com adultos, dentro e fora da família.

7. Expectativas: crença nas capacidades de concretização, ser respeitador, reconhecer e construir pontos fortes.

8. Competências cognitivas (2).

9 DICAS PARA CRIAR CRIANÇAS RESILIENTES
A resiliência aprende-se, constrói-se, desenvolve-se. Mas então, como tornar as nossas crianças resilientes? Como estimulá-las e como ajudá-las a lidar com as adversidades não sucumbindo a elas? Como desenvolver todas as características acima descritas? Eis algumas dicas que podem ajudar:

1. Favorecer a expressão emocional
É importante que os pais sejam capazes de ajudar os filhos a encontrar formas saudáveis para expressar as suas emoções. O diálogo em família deve ser incentivado. As crianças devem compreender que os pais estão disponíveis para conversar e para partilhar emoções e preocupações (3).

2. Promover o sentido de gratidão
Mesmo nos momentos mais difíceis é importante descobrir momentos de felicidade, mas tal pode requerer algum esforço. Há que encontrar as pequenas coisas pelas quais se está grato e expressá-las em voz alta diariamente.
Importa também que pais e filhos incluam na rotina familiar momentos de felicidade (por exemplo, passeios, abraços, jogos e atividades culinárias em família, por exemplo) (3).

3. Estimular a empatia
Sentir que não estamos sós é reconfortante, até porque juntos somos sempre mais fortes. É importante que as crianças tenham oportunidade de entender esse potencial. Os pais podem consegui-lo estimulando a empatia, ajudando os outros quando enfrentam momentos mais difíceis (3).

4. Garantir uma boa rede de suporte
Os pais devem mostrar aos filhos a vantagem de interagirem com os pares, de se envolverem em atividades de grupo, de ouvir os outros colegas. A rede de apoio familiar é também essencial e fortalece a resiliência (4).

5. Definir e manter uma rotina
Seguir uma rotina pode ser muito reconfortante para as crianças, especialmente para as mais pequeninas. Os horários de estudo e brincadeira devem ser definidos em conjunto por pais e filhos.
Ao mesmo tempo que é essencial manter uma rotina programada e consistente, é também importante que nos momentos de maior angústia os pais sejam mais flexíveis com as rotinas (4).

6. Incentivar o autocuidado
Os pais devem ensinar aos filhos a importância do autocuidado básico. É importante que as crianças compreendam a importância da manutenção de um estilo de vida saudável. O tempo de diversão e brincadeira são também essenciais para o bem-estar geral dos mais pequenos (4).

7. Motivar em direção aos objetivos
As crianças devem ser ensinadas a estabelecer metas razoáveis, bem como devem receber ajuda para as alcançar. A definição de metas ajuda as crianças a concentrarem-se em tarefas específicas e a desenvolver a resiliência para seguir em frente diante dos desafios (4). Quando refiro metas, defino como um simples: construir um puzzle, cozinhar um bolo, fazer um desenho...não precisam ser objetivos complicados.

8. Fomentar a autoconfiança
Uma boa estratégia para ajudar a fomentar a autoconfiança dos mais pequenos passa por relembrar-lhes de que forma enfrentaram com sucesso as adversidades e desafios passados. Essa lembrança ajudará a construir a força necessária para lidar com os desafios futuros (4).

9. Ensinar a aceitar a mudança
A mudança pode ser assustadora para crianças e adolescentes. Os pais devem ajudar os mais jovens a compreender que a mudança faz parte da vida e que não é necessariamente má (4).

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