Desenvolvimento da criança
O normal desenvolvimento da criança é influenciado por fatores pré-natais, perinatais e pós-natais. Entre os primeiros destacam-se os genéticos e os relacionados com a forma como correu a gestação, incluindo os hábitos da mãe. Entre os segundos destaca-se a prematuridade, a forma como decorreu o parto e a adaptação do recém-nascido à vida extrauterina. Finalmente, após o nascimento, a nutrição, os cuidados de saúde, o ambiente físico e, sobretudo, emocional, bem como os estados de doença, podem interferir com a evolução da criança. Deste modo, é importante os pais compreenderem que, embora a sequência de aquisições seja a mesma em todas as crianças, o ritmo do desenvolvimento varia de criança para criança.
Como descrever as diversas aquisições do bebé durante as fases iniciais é sempre maçudo, refere-se abaixo apenas as aquisições da criança saudável que, nas diversas idades, suscitam maior interesse aos pais.
Recém-nascido
Uma das perguntas frequentes dos pais diz respeito à visão do recém-nascido. Ainda é comum os pais pensarem que o bebé acabado de nascer não vê. Ora, nesta idade, o bebé reage à luz e pode já fixar uma face. Pelas duas semanas de vida, já reconhece a cara da mãe ou do pai. A reação aos sons também está presente desde o nascimento.
A posição preferencial do recém-nascido é em flexão, ou seja, habitualmente tem os membros fletidos e as mãos fechadas. Ao longo do primeiro mês, esta postura em flexão vai diminuindo e o bebé vai-se esticando, o que é facilmente observável pelos pais.
Primeira Consulta de Pediatria
Na primeira consulta, o pediatra avalia os reflexos do bebé. Um dos reflexos é a chamada marcha automática, em que, se os pés do recém-nascido tocarem uma superfície, automaticamente são desencadeados movimentos de andar. Os pais acham muita graça e deleitam-se com este andar do seu filho. Se o recém-nascido se assusta, nomeadamente quando se sente a tombar para trás, abre os braços e as mãos e chora.
Outros reflexos são pesquisados, como a chamada preensão palmar, em que se tocarmos com um dedo na palma da mão do recém-nascido ele reage fechando a mão sobre os nossos dedos. O reflexo da sucção é desencadeado se tocarmos no canto da boca do bebé. Estes reflexos, e outros não descritos, permitem ao pediatra avaliar a preparação neurológica do bebé.
Entre a quarta e a sexta semana...
Nesta idade o bebé já fixa um objeto colocado a cerca de 20 centímetros e é capaz de, por instantes, o seguir com a cara e o corpo. Já se verificam movimentos do corpo em resposta à voz, surge o primeiro sorriso social e emite sons guturais.
Quando interagem com ele fica atento, parado e a olhar a face humana.
Quando erguido, a partir da posição de deitado, a cabeça pende para trás. Contudo, deitado de barriga para baixo, levanta a cabeça por instantes. Ao colo, move a cabeça de um lado para o outro e as mãos estão mais vezes abertas.
Aos dois meses...
O bebé segue e fixa melhor os objetos. Sorri quando falam com ele, ouve a voz com atenção, distinguindo as vozes conhecidas.
Quando erguido pelos braços, a partir da posição deitado, não faz força com a cabeça, mas se deitado de barriga para baixo, tenta erguer a cabeça. Se sentado já segura melhor a cabeça. As mãos estão predominantemente abertas e une-as na linha média, ou seja, junto ao peito.
Entre os três a quatro meses...
O bebé está bastante mais desperto, muito observador e fixa os objetos que lhe são apresentados. Reage à aproximação de uma cara familiar com movimentos de flexão e extensão dos membros. Vira os olhos e a cabeça para os sons. Intensifica o contacto social, gosta de ouvir música, emite sons guturais. Dá gargalhadas.
Leva as mãos à linha média e brinca com elas. Pelos três meses, agarra os objetos que lhe são colocados na mão, mas aos quatro já dirige a mão para os agarrar e levar à boca, assim como já tira a chupeta (se aplicável).
Quando deitado de costas, tem os braços esticados e mexe ativamente os membros inferiores. Quando erguido pelos braços, a cabeça já acompanha o movimento. Na posição sentada, ainda pode segurar mal a cabeça até perto dos quatro meses.
Aos seis meses...
O bebé mostra-se muito ativo, mexe-se bastante, interessa-se pelas atividades dos adultos. É engraçado, por exemplo, ver como o bebé se interessa pelos movimentos das mãos dos adultos.
Agarra os objetos, leva-os à boca, muda-os de mão, mas se caem esquece-os. Leva os pés à boca e gosta de brincar com eles. Emite sons com duas sílabas.
Quando o seguram de pé, faz apoio ativamente com os pés, é o chamado "tem-tem". Deitado de costas, ergue a cabeça e se agarrado pelos braços faz força para se levantar. Mantém-se sentado por alguns instantes. Deitado de barriga para baixo, apoia-se nas mãos e nos braços para levantar a cabeça. Já rebola.
Aos nove meses...
A criança evidencia sinais de atenção para sons ao perto e ao longe, o que lhe permite começar a conhecer os sons da casa. Repete sílabas ou sons escutados aos adultos. Distingue os rostos familiares dos estranhos e chora perante os estranhos. Responde ao nome.
Interessa-se pela sua imagem no espelho e gosta de brincar com ela. Segura objetos pequenos entre o polegar e o indicador, apanha pequenos pedaços de pão da mesa. Atira intencionalmente objetos ao chão e utiliza isto como uma brincadeira, desafiando os pais. Também procura objetos que caem.
Quanto à postura, já se senta sozinho e pode começar a gatinhar. Ajudado, já se põe de pé. Muitas crianças não mostram interesse em gatinhar, aprendendo diretamente a andar.
Aos 12 meses...
A criança mostra interesse visual para perto e longe - por exemplo, identifica aviões e aponta-os com o dedo. Responde a sons suaves.
Compreende ordens simples como dar ou dizer adeus, está sempre a "falar", pode dizer palavras simples como "mamã", "papá", imita gestos, sacode a cabeça, bate palmas, faz brincadeiras. Gosta de pegar na colher e de a levar à boca. Põe-se de pé e baixa-se sozinho, anda apoiado.
Como estimular o desenvolvimento da criança
Hoje em dia, é muito frequente os pais durante as consultas perguntarem como podem estimular o desenvolvimento dos seus filhos e que exercícios podem realizar com eles.
Se o pediatra entender que a criança deve ser estimulada, os exercícios serão orientados por uma equipa de desenvolvimento. Se a criança não tem qualquer problema de desenvolvimento, não é necessário nenhum programa especial.
Costumo dizer aos pais que a melhor estimulação para a criança é a companhia dos pais e as brincadeiras que têm com ela. Conversar com uma criança, mesmo recém-nascida, colocá-la numa cadeira que lhe permite observar o que se passa em seu redor, são exemplos de exercícios de estimulação. De igual modo, um bebé ser balanceado nos joelhos dos pais, assim como ser ajudado a levantar-se quando deitado ou fazer flexões estando em pé, na idade adequada, estimula o seu desenvolvimento. Mas serão estes movimentos exercícios de estimulação ou apenas a interação espontânea entre pais e filhos?
Desvios no desenvolvimento: sinais de alerta
Como se referiu, cada criança tem o seu ritmo de adquirir novas capacidades, pelo que é completamente errado os pais compararem os seus filhos entre si ou com os filhos dos amigos. Contudo, a não aquisição de alguma etapa pode alertar os pais, que devem esclarecer a situação com o pediatra na consulta seguinte ou antecipadamente.
De forma resumida, os pais devem estar atentos aos principais sinais que podem estar associados a desvios significativos no desenvolvimento. A maioria dos sinais aqui referidos são fáceis de identificar, pois são dados óbvios. Os elementos mais subtis serão averiguados pelo médico. Deste modo, os pais devem informar o pediatra se:
Ao mês O bebé não se interessar por sons ou pela face humana, tiver uma postura demasiado mole ou excessivamente rígida.
Aos dois meses O bebé não fixar nem seguir objetos, ter as mãos sempre fechadas, não apreciar o contacto físico ou movimentar-se pouco.
Aos seis meses O bebé chorar excessivamente, interessar-se pouco por objetos e pelo meio ambiente ou tiver movimentos assimétricos dos membros.
Aos nove meses A criança não se sentar, não levar objetos à boca, interagir pouco com o meio que o rodeia, não brincar.
Aos 12 meses A criança não fazer força com as pernas, mexer-se pouco, reagir pouco ao meio ambiente.
Olá querida Delta..serei mãe ainda este ano e fiquei muito entusiasmada a imaginar o desenvolvimento do meu bebé. Beijinhos
ResponderExcluirPost muito util de serviço público
ResponderExcluirNice post
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