O Catálogo Oficial da Europa de Espécies Autorizadas era até então um absurdo. O seu objectivo inicial, garantia a intenção de manter a segurança alimentar a todos os cidadãos da União Europeia, parecendo bem intencionado, já que parecia querer garantir a segurança alimentar de todos nós. Proibia a venda de mais de 2 milhões de variedades de sementes cultivadas na França e inibia a capacidade dos franceses de variar sua dieta.
Os agricultores tinham obrigatoriamente que depender de híbridos caros patenteados pela indústria agroquímica. Os consumidores perdiam assim uma vasta gama de produtos que eram frequentemente mais ricos em nutrientes, sabor e melhores para o ambiente.
A cadeia francesa Carrefour, tomou as rédeas de uma iniciativa que juntava produtores numa campanha para que frutas e legumes cultivados pelos agricultores a partir de sementes consideradas "ilegais" ficassem disponíveis aos consumidores. Estas são sementes que os agricultores selecionam e cultivam de um ano para o outro em suas próprias condições de clima e solo. As frutas e legumes resultantes são todos diferentes no campo. Esta prática é essencial para manter a biodiversidade do planeta.
90% das variedades cultiváveis do planeta já morreram no século 20 [fonte: FAO]. A campanha também esperava preservar a herança agrícola e alimentar do planeta, bem como salvaguardar a sua biodiversidade.
Assim, o Carrefour solicitou a alteração de dois pontos-chave na legislação:
• Simplificar a lei para que os pequenos agricultores possam vender as suas sementes livremente.
• Abrir o catálogo oficial para incluir as sementes desses agricultores, e assim, frutas e legumes resultantes poderiam ser vendidos o mais amplamente possível para todos os consumidores.
Então, em 20 de Setembro de 2017, o Carrefour começou a vender uma seleção de frutas e vegetais, que nunca antes haviam sido vendidas em supermercados ou hipermercados, em quarenta das suas lojas em Paris e na Grã-Bretanha.
O Carrefour também criou uma petição online em carrefour.fr e Change.org, numa tentativa de levar as autoridades públicas a pensarem novamente sobre as sementes dos agricultores e permitir que os consumidores mostrassem o seu apoio à iniciativa do Carrefour.
Para salientar o absurdo da lei, o “Mercado Negro” do Carrefour (Le Marche Interdit - em inglês, The Forbidden Market) foi promovido na TV, mídia on-line e imprensa, onde o Carrefour retratou os agricultores e produtores como revendedores ilegais.
Ao longo do Fórum Nacional de Alimentos, os Supermercados Negros geraram mais de 300 milhões de impressões na mídia - 69% das quais estavam online, levando as pessoas à petição. O tráfego nas lojas do Carrefour subiu 15%, e a secção de produtos de legumes em 10%. Houve um aumento de 8% no sentimento positivo da marca em relação ao Carrefour, elevando a sua pontuação de 65% para 73%.
Em 19 de abril de 2018, o Parlamento Europeu rectificou um novo regulamento da agricultura orgânica, re-autorizando a venda e o cultivo de sementes de agricultores. Apartir daqui, o Carrefour lançou outro web-filme através da Marcel Paris, que divulga a campanha e seu sucesso.
Esta foi uma iniciativa com praticamente 2 anos, que continua a necessitar de ser relembrada incansavelmente. Somos constantemente reféns de leis promissoras e benéficas a grupos económicos que precisam de ser travados.
A comunicação social em portugal está toda comprada. Por eles so sabemos o que eles querem. Obrigada por este post querida. beijinho
ResponderExcluir"Esta foi uma iniciativa com praticamente 2 anos, que continua a necessitar de ser relembrada incansavelmente. Somos constantemente reféns de leis promissoras e benéficas a grupos económicos que precisam de ser travados." - palavras sábias Delta
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