Viver em Guerra | Síria

Vamos falar de coisas sérias, porque na vida, nem tudo se trata de belo LifeStyle. Esta não é uma imagem daquelas que vos habituei... A guerra na Síria já dura há mais de sete anos. Desde que estudantes pintaram graffitis contra Assad até aos bombardeamentos mais recentes dos aliados ocidentais, passando pelo califado criado pelo Daesh, o país tem sido devastado por um conflito sem fim à vista. Pelo meio, mais de 500 mil pessoas morreram e cerca de 12 milhões de sírios (metade da população) tiveram de abandonar as suas casas.


De forma suscita, decidi que era um dever social e humanitário criar este post, para que tal como eu, tu possas estar ciente deste problema e como tudo isto começou.

Março de 2011
Depois do início da revolução na Tunísia, inspirado pelo que começava a ser chamado de Primaveras Árabes, um grupo de estudantes sírios pintou graffitis contra Bashar al-Assad. O regime respondeu com uma enorme repressão e violência, a que se seguem protestos nos meses seguintes e que acabariam numa guerra civil.

Julho de 2012
Já com a oposição armada e organizada em diversos grupos, os confrontos com o regime intensificam-se. Combatentes tentam capturar Damasco – o Exército Livre da Síria explode três postos de segurança na capital e conquista Aleppo - mas o governo aguenta-se firme.

Agosto de 2013
O regime sírio ataca o enclave rebelde de Ghouta, nos subúrbios de Damasco, com recurso a armas químicas. Mais de 1.400 pessoas morreram. O Ocidente esteve perto de lançar uma intervenção militar, mas Barack Obama acabou por recuar. Moscovo e Washington chegam a acordo para que as armas químicas em posse de Damasco sejam destruídas, sob supervisão das Nações Unidas.

Janeiro de 2014
Aproveitando o vazio de poder em algumas zonas da Síria, na oposição a Assad começam a ganhar força vários grupos jihadistas, que entram em confronto direto com os chamados rebeldes. Entre estes grupos está o autodesignado Estado Islâmico, que, em Junho do mesmo ano, faz de Raqqa a sua capital e cria um califado, na Síria e no Iraque, de Aleppo à província iraquiana de Diyala. Com o mundo chocado pelas imagens que chegam do califado – enquanto milhares de sírios são obrigados a fugir do seu país e são bloqueados às portas da Europa - a coligação liderada pelos Estados Unidos bombardeia a Síria, beneficiando os curdos que resistem, no Norte, aos avanços jihadistas.

Setembro de 2015
A Rússia, principal aliada de Damasco, entra na Síria em defesa de Assad. Os bombardeamentos russos tiveram como destino o autodesignado Estado Islâmico, mas direcionaram-se também para as cidades controladas por outros grupos rebeldes. Todos os que fossem oposição a Assad eram considerados terroristas. O tabuleiro da guerra mudou completamente e o regime sírio começou a arrecadar várias vitórias, contando também com a ajuda vinda do Irão e do Hezbollah libanês.

Dezembro de 2016
Cerca de um ano depois, o regime de Damasco captura Aleppo, depois de um violento cerco a uma cidade destruída por bombas. Alguns meses antes, em Março, Assad conseguiu reconquistar a cidade histórica de Palmira aos jihadistas, uma vitória simbólica que começava a revelar um Daesh em queda.

Abril de 2017
A Casa Branca já tem novo patrão, Donald Trump, que coloca como prioridade destruir (o que ainda resta) dos jihadistas na Síria. No entanto, um ataque com gás sarin em Khan Sheikhun, controlada pelos rebeldes, causa 80 mortos e Washington ataca uma base militar síria em retaliação.

Fevereiro de 2018
A Síria está praticamente nas mãos de Assad, à exceção de alguns bastiões rebeldes, como Ghouta Oriental. O regime decide começar uma intensa ofensiva que causa mais de 1.200 mortos. Começam a surgir os relatos de utilização de armas químicas. 

Abril de 2018
Neste mês corrente, Estados Unidos, França e Reino Unido bombardeiam três posições estratégicas de Damasco na alegada produção de armas químicas, em resposta a um ataque a Douma que causou cerca de 70 mortos. Teme-se uma escalada do conflito mas os aliados garantem que o ataque foi feito apenas com o intuito de dissuadir Assad de voltar a usar armas químicas e não com a intenção de mudar o regime.

Agora surgem pequenas dúvidas...
O que é IS e qual é a diferença entre ISIS, IS e ISIL?
Na prática é tudo a mesma coisa, mas possuem localizações geográficas e siglas diferentes. IS significa Estado Islâmico, um grupo militante fundamentalista que aplica o Islã Sunita e opera principalmente no Iraque. Já ISIS foi autointitulou-se quando a organização terrorista se estendeu para além do Iraque e da Síria, representando o Estado Islâmico do Iraque e Síria, ou Al-Shim. O ISIL também significa a mesma coisa, representando o Estado Islâmico do Iraque e o Levante (grande área que abrange a Síria).

É importante ressalvar que foi o próprio grupo terrorista que se autodenominou "Estado Islâmico", o que não significa, e muito menos se traduz de forma alguma que sejam amplamente apoiados pela maioria da fé islâmica - incluindo a maioria dos sunitas.


Qual é o objetivo?
Pretendem aplicar a lei da sharia - apedrejamentos, escravidão e amputações - no mundo e erradicar outras religiões na tentativa de provocar o apocalipse. [Sim, não estou a ironizar...] É uma lei baseada na interpretação do Alcorão (equivalente à bíblia cristã). Estes são liderados por Abu Bakr al-Baghdad, o homem que eles acreditam ser o califa - ou  seja, sucessor do profeta Maomé.


As vítimas inocentes
Com a fúria da guerra, mais de 6,5 milhões de sírios fugiram do país ou fugiram para o campo a fim de encontrar segurança e paz. Isso os caracterizou como “refugiados”, um termo politicamente correto e ao qual muitos ignorantes equiparam a terrorismo. Refugiados são vítimas sem teto e sem pátria. A França, o Reino Unido e a Alemanha concordaram em receber mais de 20.000 refugiados nos campos improvisados ​​até 2020. Embora as pessoas nos campos sejam apenas as poucas que têm a sorte de sobreviver à viagem de 3.000 km a pé pela Turquia, Eslováquia, Sérvia, Bulgária, Hungria e República Checa.


Não estamos livres que algo muito perturbador, semelhante ou inconsequente aconteça em plena Europa, ou mesmo neste cantinho sossegado como é Portugal. Não podemos continuar a olhar para o lado e não meter os olhos no estado a que estes países e estas pessoas chegaram. Não adianta dizer-mos amplamente nas redes sociais, entrevistas televisivas ou vídeos ameaçadores que eles estão errados e que têm de parar... eles vão continuar a considerar-se os mais certos, convictos e seguros do PLANETA. Interpretam que estão em uma missão divina, sentem isso com todas as suas forças. Como isto é possível...eu não sei! Mas é algo que me assusta profundamente. Irão parar quando estiverem todos mortos? Ou nem assim isto parará?! Matá-los irá acabar com tudo isto? Destruir todos estes países irá terminar com as Guerras? Irá terminar com os sentimentos de vingança?! Infelizmente, eu acho que não. Isto não ficará resolvido em muitos e muitos anos e apenas irá alastrar-se entre muitos dos seus seguidores que permanecem camuflados em muitas esquinas. Espero estar errada. Espero muito estar errada. 

Diz-me nos comentários o que pensas sobre este assunto. É algo com que te importa, que te emociona ou que te faz pensar? 

11 comentários:

  1. Catarina Bettencourt17 abril

    A descrição que fizeste é incrivel. Não tinha muito interesse nisto confesso.Eu tambem espero que estejas errada. Bjs Catarina B

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  2. Anônimo17 abril

    Hi Delta I congratulate you on this excellent post. This war is becoming worldwide :(
    I send you a e-mail. Check please.

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  3. Cátia Ramos17 abril

    Não tinha noção que isto durava ha tantos anos meu deus :/ estamos num país santo msm!

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  4. Descrito mejor que muchos periódicos!
    Gracias por tu valiosa ayuda para entender la guerra en Siria.

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  5. Ana Afonso17 abril

    :( emocionei-me muito porque nao tinha noçao sequer de metade. Em Portugal nao dao assim tanto destaque qto deviam a isto talvez para nao alarmar. Obrigada linda. Beijos

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  6. Thank you very much for all your interest. You are a good person.
    W/ Love

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  7. Anônimo17 abril

    Gracias guapa

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  8. Ludovic Prigent17 abril

    J'ai beaucoup appris de votre texte.Je suis un journaliste français et j'ai l'intention d'utiliser beaucoup d'informations si vous le permettez.
    Faites-moi savoir votre réponse par Instagram @ ludovic.prigent
    Je veux vraiment mieux te connaître.

    Ludovic Prigent

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  9. I'm American and I will share your text with all my followers. It deserves to be read. Congratulations.Send you a DM instagram.

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  10. Lara Fonseca18 abril

    Não sabia nada disto..por vezes as redes sociais faz nos parecer tudo muito perfeito. Fico triste e com medo como tu. Obrigada por este grande post. Beijos

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  11. Paula Lima18 abril

    Elogiar o texto é pouco querida. És linda por dentro e por fora. Adoro-te mesmo!

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